segunda-feira, 12 de março de 2007

Maldito Papel

Sabe aqueles dias que você sai da cama, tendo certeza de que não deveria ter saído? Você já sente alguma coisa estranha, uma sensação do tipo que, quando for atravessar a rua, vai ser atropelado pelo Expresso de Hogwarts, ou algo parecido.
Foi assim que eu acordei.
Era domingo e meu despertador, graças a Deus, não tocou (dessa vez sem idas precipitadas ao Ministério!).
Moro sozinha há 1 ano e meio. Sou filha única e meus pais moram numa cidadezinha perto de Londres, mas não saem de lá nem que a fênix tussa!
Desde pequena aprendi a me virar e agora, mais ainda.

Fui para a cozinha e com três balanços de varinha, meu café da manhã já estava pronto. Minha mãe sempre insistira em me ensinar feitiços domésticos, agora agradeço a ela todos os dias da minha vida!
Com mais 3 balanços de varinha, já satisfeita, a bagunça foi arrumada.
Tinha o dia todo livre, para botar em ordem os papéis do Departamento, mas ali, não havia mágica que fosse... pra organizar tudo! Teria que fazer o papel de nossos queridos amigos trouxas e botar - como dizem os próprios - “as mãos na massa”.
Sentei-me então à mesa, com duas pilhas de papéis de cada lado, peguei pena e tinteiro e comecei a listar todos os documentos da primeira pilha, colocando em devida ordem por nome e data.
“Declaração Sobre Uso De Objetos Encantados Em Países Estrangeiros”, “Formulário para Liberação de Tráfego de Animais Em Viagens Internacionais”, “Requerimento de Posse Sobre Terrenos Em Dupla Fronteira”, e mais algumas chatices... os chamados “ócios do ofício”.
Passados alguns minutos já estava com folhas e folhas espalhadas pela mesa, cadeiras, chão(só faltava no teto!) e toda suja de tinta.
- Pronto, vamos pro próximo. – falei baixo comigo.
Tirei outro da pilha e vi que embaixo, contrastando com todos os papéis brancos, tinha um azul, de aspecto muito velho, apenas com uma frase em letras vermelhas minúsculas.
- Mas que diabos é isso? – peguei a folha na mão e apertei os olhos para tentar ler melhor.
Repeti mentalmente a frase por alguns segundos, até perceber que realmente eu não tinha entendido nada.
Só faltava essa... algum engraçadinho tinha deixado um bilhete, ou seja lá o que for isso, dentro dos documentos do Departamento. Ai se meu chefe ver isso!
Rasguei o papel e fui para o próximo.
Depois de duas horas (pareceram 10!) acabei a primeira pilha de papéis.
Levantei um pouco da cadeira, me espreguicei e fui tomar uma xícara de café na cozinha.
Quando voltei, lá estava ele.
O mesmo papel, azul, velho, letras vermelhas, em cima da outra pilha de papéis. Arregalei os olhos e corri para ver se eu realmente não estava ficando doida. Como que o papel que eu acabei de rasgar foi parar ali???
Peguei-o e apertei os olhos novamente. Era a mesma frase do outro. Ou desse, ou... sei lá! Não estou entendendo mais nada!
Depois de alguns segundos inconformada, larguei o papel na mesa, tirei minha varinha do bolso e... aparecium!
Era o único feitiço “revelador de segredos” que eu conhecia, ou que lembrava na hora.
Mas o papel azul continuou como era: um papel azul.
Ou melhor, um papel-azul-que-já-estava-me-tirando-a-paciência!
Larguei a varinha na mesa, e rasguei de novo. Joguei na lixeira e tampei.
Como se nada tivesse acontecido (ou pelo menos, eu fingia assim), me sentei novamente e recomecei meu trabalho. De vez em quando olhava para trás, para a mesa, para baixo, para cima, procurando algum sinal do tal papel. Mas nada.
Passados vários minutos, o pensamento do dito cujo se esvaiu da minha mente e voltei a me concentrar nas declarações e requerimentos da vida.
Quando o ponteiro do relógio marcou onze horas da noite, tinha anotado o último documento da mesa e suspirei. Tinha acabado e estava exausta!
Tomei um banho bem demorado, comi alguma coisa e fui dormir. Me espreguicei, bocejei, tirei o edredom de cima da cama e...
- &#*%#*$&*!!!!!!!
Era ele.
- Não é possível!! – dei um berro que deve ter acordado a vizinhança toda.
Peguei o papel, já bufando de raiva, rasguei em todos os mínimos pedacinhos que meu dedos conseguiram, joguei na cama, peguei minha varinha e gritei (coitados dos meus vizinhos...) Incendio! Nada do papel pegar fogo.
Incendio!!
Nada.
Iiiiiiiin-ceeeeeeeeen-diiiiii-ooooooooo!!
*BUM!*
Minha cama explodiu, pegando fogo.
- Socorro!! Aguamenti! Aguamenti!! – fiquei dando pulinhos no mesmo lugar, apontando a varinha para a cama em chamas.
Depois de alguns minutos e vários jatos d’água, apaguei o fogo e agora subia uma fumaça que invadiu toda a casa, impedindo que eu enxergasse a um palmo na minha frente.
Xingando todos os antepassados da árvore que foi derrubada para fabricação daquele papel, abri as janelas da casa, esperando a fumaça baixar.
- Reparo – apontei para a cama, que voltou ao normal.
Sentei na beira da cama, exausta, tossindo da fumaça que ainda insistia em empestear a casa. Olhei em volta, nenhum sinal do papel pelo menos.
Respirei fundo, fechei os olhos e comecei a repetir lentamente “você está sonhando, você está sonhando, você está sonhand...” ham? que isso?
Abaixei a cabeça e olhei para a cama. Minha mão estava em cima de um....
- AH NÃO!!!! VOCÊ DEVE ESTÁ DE BRINCADEIRA COMIGO NÉÉÉ???
Havia um papel azul embaixo da minha mão, todo amassado, mas eu tinha certeza que era o dito cujo! Dava para ver alguns resquícios de queimado na borda do papel.
Peguei-o na mão, li a mesma frase que já tinha lido anteriormente.
Respirei fundo de novo.
- Bom, se eu amasso, jogo fora, rasgo ou queimo, ele volta – pensei comigo mesma – eu vou deixar ele quietinho dentro de uma gaveta então! Não vai mais me encher o saco.
Abri a primeira gaveta da cômoda, coloquei o papel dentro e fechei.
- Pronto. – falei aliviada.
Esperei mais alguns minutos sentada na cama. Mais uma vez eu em uma situação ridícula: sentada na cama esperando um papel aparecer!
Devo estar ficando maluca das idéias mesmo.
Depois de alguns minutos aguardando, verifiquei todo o quarto, nenhum sinal dele.
Olhei na gaveta, continuava lá.
Aliviada, fui dormir.
– Nox – as luzes apagaram.

Seis horas da manhã, meu despertador toca.
Depois de uma noite conturbada com sonhos de papéis correndo atrás de mim, abro os olhos e me levanto.
Primeira coisa que eu faço é abrir a gaveta onde coloquei o papel e verificar..... que......ele.... não estava lá!
Verifiquei toda a gaveta, tirei tudo que tinha, tirei a gaveta, coloquei em cima da cama, sacudi para cima, sacudi para baixo e nada de papel.
- Chega! Me cansei disso!! – gritei irritada.
Fingindo naturalidade, continuei minha rotina, me arrumei e no devido horário, aparatei para o Ministério.

Chegando lá, na correria matinal habitual, achei meu colega de Departamento, Charlie, saindo de uma lareira.
- Charlie! Charlie! – gritei e ele olhou.
- Bom dia! – ele falou sorrindo.
- ‘Dia... olha só, preciso te contar uma coisa importante! Mas-você-vai-achar-que-eu-estou-ficando-doida-mas-eu-tenho-certeza-que-isso-aconteceu-de- verdade-e-eu-não-sei-mais-o-que-pens...
- Calma! Lucy, calma! Fala uma coisa de cada vez.
Respirei fundo e recomecei.
- Ok... Ontem eu estava trabalhando nos documentos do Departamento, quando...
E contei toda a história.
Charlie começou a rir.
- Você está falando sério? – ele disse, tentando segurando o riso agora.
- Sim!! Sim!! Mais sério do que nunca! – eu disse, começando a ficar irritada.
- Lucy, você deve ter trabalhado até tarde, acontece essas coisas, alucinações, delírios....
- Não! Aconteceu de verdade!
- Ok, então... aonde está o papel? – disse num tom irônico.
- Ele sumiu! Não acabei de te falar? Hoje quando eu acordei, abri a gaveta e ele tinha sumido!
Charlie olhou para mim por alguns instantes e depois falou.
- Vou falar com o Sr. North, você está precisando de férias!
Lucca North era o chefe do Departamento de Cooperação Internacional.
- Não estou! E não vai falar nada com o Lucca – eu quase nunca o chamava pelo sobrenome. – Charlie, quer saber? Deixa pra lá! Eu devo estar ficando maluca mesmo...
Virei as costas e fui em direção aos elevadores.
Era melhor deixar pra lá mesmo. Ninguém iria acreditar. Pensando bem, nem eu! Tirando o pequeno detalhe que a história tinha acontecido comigo...

Durante todo o dia, eu olhava para os lados com cara de susto, pensando que a qualquer momento um papel azul fosse pular em mim.
Charlie passou todo o dia me observando de longe.
No fim do expediente, juntei minhas coisas e fui embora, antes que Charlie pudesse ter uma oportunidade de querer conversar comigo sobre o assunto.
Resolvi não ir pra casa.

O Beco Diagonal é um dos poucos lugares onde eu me sinto confortável de andar, fazer compras, conversar com as pessoas, ou simplesmente ir para ficar sentada em algum bar ou sorveteria, observando.

Resolvi andar um pouco, ver o movimento, olhar as vitrines, para me distrair.
Estou andando normalmente, quando tropeço num papel grudado na sola do pé.
Abaixo a mão e pego o papel azul (sim!!!) grudado no meu sapato.
Juro que se eu estivesse na minha casa, por Merlin que iria gritar, esperniar, rasgar, queimar, triturar, molhar, destroçar e todos os verbos no infinitivo possíveis! Sem me importar se a casa iria pegar fogo ou explodir!Mas mantive a calma, dobrei o papel e coloquei no bolso. Continuei andando.
Se já não bastasse eu pisar no dito cujo do papel, agora, olho para uma vitrine e tenho um choque!
Um monte de papéis azuis iguaizinhos ao que eu tenho no bolso, pendurados, sumindo e aparecendo, de um lado pro outro!
Uma raiva tomou conta de mim, meu sangue começo a ficar quente, e quando enfio a mão no bolso para verificar o papel, ele não está mais lá!

Olho para cima, no letreiro da loja, e tudo fez sentido.
Sabe aqueles gêmeos ruivos, que ficaram famosos em Hogwarts......


.... como é mesmo o nome?

Um comentário:

Lavínia//Victor//Ricard disse...

Céus, esses gêmeos são muito inteligentes para pregarem peças nos outros! ¬¬
Essa do papel é ótima, mas eu ia me irritar facilmente com ele, com certeza! HUAHUAHUAHUA
A pergunta é: Quem te deu o papel??? O.o